Indicadores de Projetos

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Indicadores para decisão de continuidade de um projeto

Autor: Armando Terribili Filho da IMPARIAMO®.

 

Os indicadores de gerenciamento de projetos indicam a situação de algumas dimensões de um projeto em desenvolvimento, como: custos, qualidade, prazo, satisfação do cliente/usuário, nível de gestão de riscos, de exposição a riscos, satisfação da equipe, dentre outros.

Como é sabido, há alguns indicadores padronizados no mercado, como é o caso do CPI (Cost Performance Index) e SPI (Schedule Performance Index) que indicam, respectivamente, o desempenho de custos e prazos do projeto em comparação ao que foi planejado. Outros indicadores são específicos para uma determinada organização, ou até mesmo, para um determinado projeto; por isso, são desenvolvidos internamente à organização.

No caso de indicadores internos, o alerta que se faz é que a criação de qualquer indicador exige esforço no processo de definição, produção e divulgação, ou seja, há custos para sua elaboração, coleta de dados, comunicação para possibilitar a correta interpretação, implementação, ajustes, etc.

Retornando-se ao CPI e SPI, é sabido que os mesmos estão descritos do Guia PMBOK (Project Management Body of Knowledge), que está em sua quinta edição, lançada em 2013. Esses indicadores utilizam-se do conceito de Earned Value (Valor Agregado).

Um indicador pouco conhecido, que foi introduzido na quarta edição do Guia PMBOK (em 2008) é o TCPI (To-Complete Performance Index), que pode ser útil no processo de tomada de decisão de um projeto, pois indica qual deve ser o desempenho de custos até sua conclusão. Assim, se o CPI mostra qual é o desempenho de custos do projeto frente ao planejado desde o início do projeto até o momento atual, ou seja no tempo PASSADO, o TCPI indica qual deve ser o desempenho FUTURO do momento atual até o final do projeto, para que o mesmo seja concluído no orçamento planejado.

Por exemplo, se um projeto tem orçamento de R$300 mil, já gastou R$200 mil e desde o seu início até a data de hoje obteve CPI = 0,70 (isso indica que para cada R$1,00 gasto, o projeto está obtendo de trabalho realizado apenas 70 centavos), então o TCPI é de 1,60. Desta forma, o executivo do projeto pode avaliar se a continuidade do projeto é viável ou não, pois um TCPI de 1,60 indica que o projeto terá que ter desempenho superior ao dobro do que obteve até o momento (0,70). Evidentemente, só faz sentido calcular o TCPI se o valor gasto até a data for inferior ao orçamento.

O TCPI também pode ser calculado com base em uma estimativa mais realista, por exemplo, em relação a um orçamento revisado. No caso analisado, imagine que seja autorizado um acréscimo de 30% no orçamento, ou seja, passando de R$300 mil para R$390 mil. Desta forma, o TCPI seria de 0,84, indicando algo factível com a novo valor, considerando a performance anterior de 0,70 (terá que obter uma melhoria de 20%).

Outro indicador similar é o TSPI (To-Complete Schedule Performance Index), que embora não conste no PMBOK é utilizado por especialistas na área. A dupla SPI/TSPI é análoga à CPI/TCPI, porém, no tocante a prazos. Assim, se o SPI indica a velocidade PASSADA com que o progresso avançou frente ao cronograma planejado (do início até o momento atual), o TSPI indica a velocidade FUTURA que o projeto deve obter para ser concluído no prazo. Por exemplo, supondo que um projeto estava com SPI de 1,12 (avançando com velocidade 12% superior à planejada), então, o TSPI certamente será inferior a 1,00, ou seja, poderá ter uma velocidade do trabalho restante inferior à planejada.

O SPI/TSPI recebe algumas críticas quanto à sua utilização por não considerar o caminho crítico de um projeto e as dependências entre atividades.

De qualquer modo, um indicador fornece “indícios” (desvios em relação ao padrão) que devem ser avaliados, sobretudo para se conhecer as “causas-raiz” que provocaram tal variação, possibilitando desta forma, a aplicação de ações corretivas.

Pode-se concluir que um indicador não é um veredito, tampouco “um juiz”, mas pode ser considerado como “evidências” de defesa ou de acusação para a realização de um julgamento profissional quanto à continuidade ou não de um projeto.


Artigo de Armando Terribili Filho da IMPARIAMO®, originalmente publicado no site Meta Análise e republicado em sites e blogs.

É permitida a republicação/divulgação deste artigo, desde que citado o autor, apresentado o link da Impariamo® (www.impariamo.com.br) e o link completo do artigo.


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